Sarcófagos com forma de múmia em madeira conhecem-se desde o Império Médio, continuam no Império Novo, e na Época Baixa são por vezes feitos de pedra. Estes sarcófagos, datados da Época Baixa são particularmente impressionantes, em especial devido ao facto dos seus rostos serem esculpidos no estilo realista da escultura de retrato contemporânea. Deste modo, os rostos tornam-se um elemento patente no sarcófago. O sarcófago de Panehemisis é um magnífico exemplo deste estilo, com o rosto largo e um grande número de inscrições e imagens a cobrir o corpo. Os relevos foram gravados na pedra dura com grande precisão. O morto tem a cabeleira tripartida e um colar grande. O corpo da múmia não está indicado de todo. A parte de trás da cabeleira funde-se com um largo pilar dorsal. Só os elementos figurativos da decoração mais importantes podem aqui ser mencionados. Na testa está um escaravelho como símbolo da ressureição, flanqueado por duas deusas. Dividido por dois lados, o que é raro, e no caso dos sarcófagos é realmente único, surgem representações dos quatro ventos ou pontos cardeais. Por baixo do colar está um peitoral com um escaravelho alado, flanqueado por Ísis e Néftis. Em baixo, uma cartela com o nome de Osíris enquanto Uennefer, flanqueado por duas figuras sentadas de Osíris. Por baixo disto, no primeiro registo longo, está um disco solar com raios, ladeado por Ísis e Néftis em adoração. Por detrás de cada deusa estão quatro babuínos em adoração (ver também a figura de babuíno com um rei, Inv. No. 5782). O registo seguinte tem um pássaro Ba com cabeça humana ladeado pelos deuses Chu e Tot e duas outras divindades por detrás de cada um deles. O quarto registo mostra o morto enquanto Osíris deitado sobre um esquife com forma de leao, com cabeça humana e um pássaro Ba esvoaçando sobre ele. Ísis e Néftis estao dos lados do esquife e entornam água sobre este. O extremo inferior do sarcófago tem a representação de uma capela na frente com um pilar Djed, simbolizando Osíris. É ladeado por babuínos segurando facas com uma função protectora. Do mesmo modo, os dois hieróglifos de "Ocidente", por baixo, pertencem ao simbolismo osírico como indicadores do mundo dos mortos. No entanto, os leões laterais mostram que os símbolos representam o nascer do sol. Na teologia egípcia é possível fazer uma ligação entre as duas imagens mais importantes da ressureição: Osíris e o sol. Os numerosos textos no corpo derivam principalmente dos vários livros do Além que descrevem a viagem nocturna do sol. Uma parte mais pequena foi retirada do "Livro dos Mortos". O fundo foi gravado com representações de portas com os seus guardiões armados, imagens que aludem ao Além.
Bergmann, E. von, Übersicht über die ägyptischen Alterthümer (1876).
Bergmann, E. von, Der Sarkophag des Panechemisis, Jahrbuch der Kunsthistorischen Sammlungen des österreichisches Kaiserhauses I und II (1883, 1884), 1-40; 1-20.
Seipel, W. (ed.), Gott Mensch Pharao (1992).
Seipel, W. (ed.), Götter Menschen Pharaonen, Speyer (1993) = Dioses, Hombres, Faraones, Ciudad de México (1993) = Das Vermächtnis der Pharaonen, Zürich (1994).
Katalog: "Osiris, Kreuz und Halbmond", Stuttgart (1984), Nr. 79.
Satzinger, H., Ägyptisch-Orientalische Sammlung Kunsthistorisches Museum Wien (museum), Braunschweig (Verlag Westermann), 1987.
Satzinger, H., Das Kunsthistorische Museum in Wien. Die Ägyptisch-Orientalische Sammlung. Zaberns Bildbände zur Archäologie 14. Mainz. 1994.