Designaçao dada ao barco onde os deuses viajavam. Tal como os Egípcios preferiam viajar de barco sobre o Nilo, a sua mais importante via de comunicaçao, também o deus solar Ré viajava nos céus na sua barca. Nos túmulos do Vale dos Reis, as imagens de Amduat e de outros textos funerários evocam a viagem nocturna do deus e dos seus seguidores navegando no outro mundo numa barco. Pensava-se que o rei morto também iria viajar a caminho do Além, sendo de crer que as chamadas barcas solares, encontradas ao lado de túmulos do Império Antigo, tinham por funçao transportar o rei para o outro mundo. O mais conhecido é o navio que pertenceu a Khufu, hoje restaurado e exposto ao público no local onde foi encontrado, junto da sua pirâmide em Guiza. Mas existia também um outro tipo de barca, a que era usada para transportar as imagens divinas no Egipto. Este modelo assemelhava-se aos vulgares barcos do Nilo, mas era decorado com 'aegis 'na proa e na popa, e em vez da cabina tinha um santuário que albergava a estátua divina. Em muitos casos estas Barcos possuiam varas para poderem ser transportadas aos ombros dos sacerdotes, e eram guardadas numa sala do templo do respectivo deus, junto do seu santuário recôndito, pousadas sobre um pedestal apropriado. Por vezes o templo tinha um santuário separado para a barca ou, como nos templos de Karnak e de Lucsor, um núcleo de três santuários destinados às barcas da tríade aí cultuada. Os pedestais onde as barcas eram colocadas estavam habitualmente decorados com imagens do rei suportando o céu, o que se relacionava com a concepçao de que a barca estava no paraíso como a barca de Ré era usada para atravessar o céu. Em escala superior à barca portátil existiam as que podiam navegar no Nilo dando a imagem de um festival náutico. Representaçoes nas paredes dos templos mostram este tipo de barcas exibindo mastros embandeirados junto do santuário. O transporte das divindades nas barcas ocorria habitualmente durante as procissoes, por vezes dentro do templo mas também no exterior, por exemplo em direcçao à margem ocidental de Tebas, ou ainda mais longe, com Hathor viajando na barca de Dendera até Edfu, para aqui visitar Hórus.